sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Anular sem Culpa

Ao abrir os jornais ou ligar a TV já nos damos conta de estarmos em um ano eleitoral, coisa que nos faz dar de cara, dia a dia, com os mais variados conchavos, barganhas e patifarias. Lá estão os candidatos com seu arsenal de promessas e a auto-emulação. Mas não vou aqui me desgastar dizendo que todos os políticos são pilantras.

Se você não sabe em quem votar nas primeiras eleições, vale a pena saber sobre os votos em branco e nulo. O voto em branco, ao contrário do que parece não significa que o eleitor não escolheu nenhum candidato, mas sim que ele abdica do seu voto. Não é um ato de contestação e sim um ato de conformismo.

Os votos em branco significam que tanto faz e são acrescentados aos candidatos de maior votação no último tudo. Ou seja se existem dois candidatos João e Maria, João termina com 52% dos votos, Maria com 35% dos votos. Votos em branco são 10% e 3% são nulos. Isso significa que 3% dos eleitores não querem nem João nem Maria no poder, mas 10% dos eleitores estão satisfeitos tanto com João como Maria, o que vencer está bom. Nesse exemplo, João tem uma aceitação de 62% do eleitorado. O problema é que existe uma pressão para a escolha de um candidato e pouca explicação do que significa escolher.

Já o voto nulo é um protesto válido. Ninguém fala dele nem mesmo nas instruções para a votação. Explicam como votar em um candidato ou como votar em branco, mas ninguém explica como anular o voto.

Pois bem, para anular um voto é preciso digitar um número inexistente entre os candidados. Se um eleitor experimenta votar em branco, o terminal eletrônico avisa "Você está votando em branco" e então o eleitor pode confirmar ou corrigir. Mas se o eleitor coloca um número inexistente num terminal, ele acusa "Número incorreto, corrija o voto". Assim, os votos nulos são desencorajados.

Por que os votos nulos são desencorajados? Por que ninguém fala deles?

Porque, se na eleição de João e Maria, João terminasse as eleições com 42% dos votos e Maria com 30%, 10% em brancos e 18% nulos, as eleições terial que ser repetidas e nem João nem Maria poderiam participar das eleições naquele ano. Ou seja, o voo nulo, do qual ninguém fala e que o terminal acusa como "incorreto" é o único voto que pode anular uma eleição interia e remover do cenário todos os candidatos daquela eleição de uma só vez. Se nenhum dos candidatos conseguir maioria (mais de 50%) no último turno, as eleições têm de ser canceladas.

Os candidatos são trocados e novas eleições têm de ocorrer. Então, contribuindo para a campanha do voto consciente, se alguém tiver votando em João ou em Maria, mas preferia não votar em nenhum dos dois, pode optar pelo voto incorreto, o voto nulo. Quem sabe, um dia João e Maria saem do cenário e os eleitores podem votar em José?

Bolacha,
Equipe Diversas Idéias.